O passado da minha
avó não tem futuro. A ausência de memória, de capacidade de registo, de fixar
os acontecimentos apaga a possibilidade da existência, no futuro, do seu passado.
Só existe presente. Cada coisa existe apenas no estrito momento do seu
cumprimento, no ato. E depois desaparece, como se nunca tivesse existido.
A experiência do
tempo; o agora, o presente são, por isso, a experiência do afeto, da meiguice
permanentemente renovados. Cada gesto, palavra, olhar tem uma existência única,
intensa, genuína, irrepetível.
Viver com a minha
avó e a sua doença é aprender a conjugar o amor sempre no tempo presente.
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