Um dia encontrei
um pequeno gato na rua, amedrontado e sujo. Foi um dia feliz.
A Mia (afinal era
uma gata) trouxe à vida da minha família um afeto de um tipo novo. A minha mãe,
mal a viu, rendeu-se. Foi amor à primeira vista e, na noite em que lhe liguei a
avisar que estava prestes a ter as crias, terminou apressadamente uma reunião,
anunciando que a Mia ia parir. Assistimos ao nascimento dos gatitos e ficamos
com o Pepe.
O desaparecimento
da Mia trouxe um sofrimento desconhecido até então. A minha mãe procurou-a na
cidade durante um mês, na expectativa de a encontrar. Vi-a na beira da estrada,
longe de casa; tinha sido atropelada nesse dia. Está ao fundo do quintal,
debaixo da figueira. Tal como o Fellini e a Luna que, posteriormente, nos deram
o prazer de usufruir, ainda que brevemente, connosco.
Resta o Pepe, o
sobrevivente, e a certeza de que, mesmo transitoriamente, é um privilégio viver
com estes bichos maravilhosos.
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